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[Resíduos sólidos] Composição gravimétrica e sua importância

Questões envolvendo os resíduos sólidos, produzidos descontroladamente por seres humanos nas mais variadas atividades, têm gerado grandes preocupações. Apesar do incentivo para o encerramento da destinação final inadequada, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), esta não tem sido uma tarefa fácil no Brasil. 

A disposição inadequada, por sua vez, traz sérios impactos ao meio ambiente, por isso é importante conhecer e caracterizar os resíduos que vem sendo dispostos no solo.  Apesar da maioria destes serem compostos pela fração de orgânicos, devido aos centros urbanos e o desperdício de alimentos, existem ainda outros resíduos presentes. E, uma vez caracterizados, é possível ter uma maior compreensão acerca da quantidade e da qualidade. 

Assim, surge a necessidade de determinar a composição gravimétrica de uma determinada localidade. Que é muito importante para a avaliação da possibilidade de aproveitamento comercial das frações recicláveis, bem como da fração orgânica para a produção de composto orgânico. 

Programas e ferramentas para a gestão de resíduos elaborados com base na gravimetria, tendem a ter maiores êxitos, pois consideram as condições do mercado para recicláveis. Destaca-se que uma correta análise dos resíduos permite a cobrança justa de tarifas de coleta, implementação da coleta seletiva, dimensionamento das centrais de triagem, e até mesmo facilita a escolha de uma tecnologia de transformação. Mas, afinal o que é a Gravimetria?

Gravimetria dos resíduos, no que consiste?

Pois bem, a gravimetria é uma característica física do resíduo, que possui o objetivo de determinar o percentual de cada componente em relação ao peso total da amostra de lixo. Quando analisada de forma simples, indica a presença dos seguintes materiais: papel/papelão, plástico, vidros, metais, matéria orgânica e outros.

Já a análise gravimétrica dos resíduos consiste em um método analítico quantitativo, e engloba a separação, classificação e pesagem dos compostos. Agora quando a análise é mais complexa pode ultrapassar mais de 20 categorias para a determinação da gravimetria. 

De acordo com a classificação feita pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) em 2015, pode ser: restos de comida, poda, plástico rígido, filme ou PET, papel fino e papelão, tetra pak, ferro, alumínio, vidro, material inerte, madeira, borracha, tecido, couro, contaminantes biológico e químico, eletrônicos e rejeitos diversos.

Vale destacar, que para se ter uma determinação confiável é preciso que as  amostras sejam separadas antes de qualquer processo de triagem, de dias alternados e ambos os turnos para se ter maior precisão do cenário.

Para saber mais sobre o procedimento de gravimetria, acesse a cartilha disponibilizada pela FEAM, clique aqui!

Importância da gravimetria para elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS)

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é um documento que define diretrizes de gerenciamento ambientalmente adequado de todos os resíduos que são gerados, determinando estratégias de controle e monitoramento dos processos produtivos, visando evitar descartes/destinações inadequadas que possam gerar poluição e acarretar prejuízos à saúde pública.

Portanto, a gravimetria é importante tanto para o governo quanto para as empresas. Pois, através dela é possível perceber o nível econômico predominante no município e a possibilidade comercial dos recicláveis. 

Já para as empresas representa onde o dinheiro está indo embora, porque na maioria dos casos pode-se reduzir a geração, evitando o desperdício de materiais ou até mesmo descobrindo uma forma de gerar retorno financeiro.

Sendo assim, a gravimetria é fundamental na elaboração do PGRS, porque é através dela que se conhece o diagnóstico do resíduo trabalhado e qual o volume de cada categoria, possibilitando a análise das possíveis soluções de destinação.

Qual a composição gravimétrica dos resíduos que está mais presente no Brasil?

Segundo o relatório do Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE, 2019), a composição gravimétrica dos resíduos sólidos coletados no Brasil possui um percentual de fração molhada, ou seja, de resíduos orgânicos de 51,4%, seguido pelos resíduos recicláveis que representam 31,9% do total, incluindo o metal (2,9%), papel (13,1%), plástico (13,5%), vidro (2,4%) e outros resíduos (16,7%). 

Entretanto, a gravimetria dos resíduos é variável em cada região, devido a diferentes fatores como, a sazonalidade, estilo de vida, parâmetros sociais e econômicos, hábitos nutricionais, além de regulamentações vinculadas ao tipo de material e às possibilidades de recuperação dele. 

Pois bem, agora pense se você fizesse uma gravimetria no seu resíduo gerado diariamente em casa por exemplo, como seria? Será que você está tendo muito desperdício de comida ou está gerando muitas embalagens? 

Através desta análise é possível repensar seus hábitos e investir mais no consumo consciente.

Danize de Souza Justen

Danize de Souza Justen

Analista de Pesquisa de Mercado na Ecosol Soluções Ecológicas. Engenheira Agroindustrial Agroquímica - Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Cursando Pós-Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária