A nível mundial, os países estão buscando investir na transformação de seus resíduos sólidos utilizando tecnologias, a fim de reaproveitá-los. Entretanto, no Brasil ainda há um grande déficit em projetos de reciclagem e em formas de realizar a recuperação de energia.
Atualmente, não é possível pensar em um projeto de tratamento de resíduos sólidos sem levar em consideração a transformação. Pois, se todos optassem por alternativas tecnológicas seria possível resolver um problema mundial, que é a demanda da população e das atividades industriais por energia, e ao utilizar o resíduo como uma matéria prima resolveria outro tema, o descarte inadequado, visto que é um problema presente em muitos países.
Neste propósito, uma alternativa largamente aplicada em países desenvolvidos é a incineração que consiste na destruição térmica do resíduo por oxidação, em um ambiente relativamente controlado, permitindo assim a quebra orgânica do resíduo, de modo a reduzir o volume e diminuir o risco de toxicidade do material.
Porém, você sabe como ocorre o processo de incineração do lixo? Confira a seguir.
Atividade de incineração e suas etapas
A incineração ocorre através de quatro etapas, muito bem estabelecidas, estas por sua vez são:
- Preparação do resíduo, uma etapa fundamental é a triagem dos resíduos antes de seguir para os fornos;
- Combustão em altas temperaturas, que variam entre 900º a 1250ºC e o tempo depende do resíduo em questão. Nesta etapa, ocorre uma redução de peso, do volume e das características de periculosidade, com a consequente eliminação da matéria orgânica e características de patogenicidade na presença de excesso de oxigênio;
- Controle de poluentes que possam ir a atmosfera, deve ser considerado a não inserção de certos materiais, como o PVC, e deve-se prever à instalação de equipamentos de controle de poluição de acordo com os padrões exigidos pela legislação;
- Cinzas, devem ser analisadas já que podem conter substâncias orgânicas ainda ou tóxicas, posteriormente devem seguir para o aterro de acordo com sua classificação final (Classe I ou II).
A quais resíduos destina-se?
Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos, rígida pela Lei 12.305/2010, foi lançada a Portaria nº 274/19 em atendimento ao disposto no art. 37 do Decreto nº 7.404 de 2010, que disciplina a recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos. Desta forma, dentre os resíduos passíveis de incineração de acordo com esta legislação, tem-se:
- Resíduos de limpeza urbana, originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana; e
- Resíduos domiciliares, originários de atividades domésticas em residências urbanas.
Mas existem outros tipos de resíduo que são plausíveis de recuperação, como:
- Resíduos hospitalares, utilizados principalmente em necrotérios, clínicas e hospitais, que dividem-se em basicamente dois grupos.
- Grupo A: resíduos infectantes em potencial, como bolsa de sangue;
- Grupo B: resíduos químicos capazes de poluir o meio ambiente, como os medicamentos para tratar o câncer, reagentes, etc.
- Entre outros.
Prós e contras da incineração
Uma observação importante a ser feita sobre a questão de destinação final dos resíduos e seu reaproveitamento energético é: qual processo é o mais adequado?
Portanto, é melhor realizar a incineração, a gaseificação, a obtenção do biogás obtido pela fermentação de resíduos orgânicos para produzir energia ou outro tipo de destinação? Desta forma, é sempre importante avaliar o que se tem de resíduo, e o que irá atender suas expectativas.
Antes de destacar um processo de transformação dos resíduos em matéria prima como sendo melhor ou pior, é importante levar em consideração ainda: o descumprimento das leis voltadas para a gestão dos resíduos, a negligência de muitos governos, empresários, a população, e a falta de comprometimento e responsabilidade. Todos esses fatores acabam prejudicando a avaliação dos cenários.
Paralelamente a incineração, é preciso investir na coleta seletiva, reciclagem e compostagem. Vale lembrar, que os países desenvolvidos, que já utilizam a tecnologia de incineração de RSU, apresentam índices elevados de reciclagem.
Mas, será que a incineração de resíduos é uma alternativa sustentável, social e economicamente inclusiva? A seguir será exposto algumas vantagens e desvantagens deste sistema.
Vantagens
- Diminui o volume de resíduo, entre 70 a 90%;
- Aumenta a vida útil do aterro;
- Evita que o lixo vá parar em rios e lagos;
- Diminui as chances de atrair pragas urbanas e aumentar as enchentes;
- A incineração também destrói as características perigosas do lixo, por isso ela é indicada quando este possui alta periculosidade, como é o caso do lixo hospitalar e industrial;
- A incineração destrói a matéria orgânica do lixo;
- A energia calorífica proveniente do processo de incineração pode ser transformada em vapor ou em eletricidade.
Desvantagens
- Durante a queima do resíduo são gerados gases tóxicos que podem causar poluição atmosférica e gerar graves impactos ambientais, por isso devem passar por um processo de tratamento específico;
- O desenvolvimento de novas tecnologias segue crescendo e cada vez poluem menos, tornando-se mais atrativas;
- Necessita de altos investimentos;
- Precisa de pessoas que sejam altamente treinadas;
- A escória resultante da incineração também deve ser tratada.