No Brasil, a matriz energética é composta basicamente por usinas hidrelétricas, que consistem em produzir energia “limpa” a partir da força da água, porém devido a escassez, juntamente com o crescimento desenfreado da demanda de energia no país, é necessário que haja investimento por parte do governo em fontes alternativas de obtenção de energia.
Uma das formas de resolver esse impasse é através do reaproveitamento energético ou reciclagem energética, que pode ser feito a partir de processos que utilizam os resíduos sólidos urbanos (RSU).
No Brasil ainda é muito comum, quando falamos de recuperação energética, referir-se a recuperação de biogás de aterro e a incineração “in natura”, porém, a gaseificação vem ganhando força, sendo desenvolvida pela indústria nacional como uma das vertentes de recuperação de energia a partir de RSU.
Já pensou: o resíduo que você descarta diariamente em sua residência ou comércio, podendo servir para a matriz energética e suprindo sua própria necessidade?
Pois bem, isso é possível a partir de tecnologias desenvolvidas com o propósito de converter o resíduo em uma matéria prima, como é o caso da gaseificação, onde o gás produzido durante o processo de transformação do resíduo, pode ser utilizado como um combustível para gerar energia.
Para isso, ocorre um processo térmico pelo qual o lixo urbano previamente preparado é submetido a altas temperaturas e ambiente pobre de oxigênio para gerar o conhecido syngas que é composto por monóxido de carbono e hidrogênio, mas também produz o dióxido de carbono e cinzas. O syngas é utilizado como combustível para caldeira, que gera vapor para acionar a turbina e assim gerar energia para a rede.
Dentre as vantagens do processo de gaseificação, tem-se:
- Redução do custo logístico de destinação dos resíduos, podendo-se construir plantas em locais estratégicos;
- Redução do passivo ambiental;
- Geração de energia;
- Produção de gás totalmente livre de furanos e dioxinas.
Mas apesar das vantagens existem alguns impasses a serem superados, como é o caso:
- RSU com poder calorífico mais baixo que em países industrializados devido ao maior teor de umidade e ao conteúdo mineral dos resíduos;
- Alterações sazonais na composição dos resíduos, o que altera drasticamente a operação;
- Investimentos e custos operacionais altos;
- Avaliação de impacto e licenciamento ambiental bastante complicado e demorado por ser processo novo para os órgãos ambientais.
Antes de um município optar pela implementação de uma tecnologia alternativa, é importante que leve em consideração, de acordo com seu Plano de Gerenciamento de Resíduos, os seguintes pontos:
- Essa é a melhor alternativa estratégica para atender a Economia Circular?
- Existe recursos para cobrir os custos de operação da planta?
- O investimento será público ou privado?
Para que o setor privado coopere é preciso criar um ambiente de confiança e condições estruturais e jurídicas seguras para que o setor de resíduos se torne atrativo para investidores e operadores privados. Assim, poderá ser realizada uma concessão Público-Privada.
Outra alternativa é ir atrás de recursos públicos participando de editais para gestão de resíduos, ou até mesmo entrando em contato direto com o Ministério do Meio Ambiente.
O importante é sempre buscar a melhor alternativa para a gestão de resíduos do seu município.