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Relação entre saúde pública e os resíduos sólidos urbanos

Mesmo que se tenha uma gama de informações e, até mesmo, punições – como multas – para quem descartar o resíduo em local inadequado, o acúmulo destes de forma incorreta só tem aumentado.

 

Infelizmente, esse também torna-se um um problema de saúde pública, uma vez que um possui influência direta sobre o outro e ocupa um papel estratégico na estrutura epidemiológica de uma comunidade. 

Um exemplo prático dessa relação, é o descarte incorreto de resíduos em ruas e praças, pois contribui fortemente com alagamentos e transmissão de doenças, seja por via direta ou indireta.

Quando trata-se de uma transmissão direta, significa que ocorre através de microorganismos, tais como bactérias, vírus, protozoários e vermes, que são patogênicos e conseguem viver por um determinado período em um local, tornando-se transmissores de doenças àqueles que manuseiam o lixo, nesse caso os maiores afetados são os garis e colaboradores das unidades de triagem.

 

Entretanto, a transmissão indireta afeta uma quantidade significativa de pessoas, pois, não infecta apenas quem teve contato direto com o resíduo, acaba disseminando-se por vias de uso comum da população, exemplos disso são:

  • Contaminação do ar:  A partir de gases formados durante a decomposição do resíduo, como por exemplo, o gás metano. Quando encaminhado para lixões a emissão de gases é equivalente ao Vulcão Etna, na Itália. De acordo com o Departamento de Economia do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana – SELURB, se houvesse a transformação para biogás com o propósito de produzir energia elétrica teria capacidade para abastecer uma área residencial com aproximadamente 600 mil habitantes;
  • Contaminação d’água e do solo:  Por meio de emissões líquidas como o chorume que possui matéria orgânica, metais pesados, enzimas e microorganismos;
  • Contaminação por vetores: Através de moscas, baratas, mosquitos e ratos, que no resíduo descartado inadequadamente encontram um habitat natural  sobre condições adequadas para a sua proliferação. Podem por exemplo, causar intoxicações alimentares, poliomielite, verminose, leishmaniose, febre amarela, dengue, zika vírus, chikungunya, malária, leptospirose, peste bubônica e salmonelose.

 

Vale ressaltar que não é somente o resíduo descartado em vias públicas que é motivo de preocupação, pois quando o descarte é realizado corretamente pela população, este é coletado por caminhões e encaminhado  para centrais de triagem, quando é o caso, e subsequentemente para as áreas de destino final. 

Entretanto, um problema corriqueiro nos municípios brasileiros mesmo com a criação da Lei 12.305 em 2010 é o lançamento indiscriminadamente a céu aberto dos resíduos, sem qualquer forma de tratamento,  preparo da área e restrição de entrada nesses locais. E infelizmente existem muitas pessoas que usam desses locais para fazer sua fonte de renda catando resíduos recicláveis sem nenhum uso de item de segurança.

Desta forma, o tema envolvendo resíduos abre espaço para discussões referentes à saúde coletiva, devido à alta mortalidade da população mundial, segundo a Agenda 21 em 1992. Estima-se que em torno de 5,2 bilhões de habitantes  acabam vindo a óbito devido a algum tipo de contaminação oriunda do resíduo, sendo que destes, aproximadamente 4 milhões são crianças menores de 5 anos. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, em 2017, estima-se que 1,7 milhões de crianças menores de 5 anos vieram a óbito devido a problemas ligados à poluição ambiental. Apesar da diminuição do número de óbitos infantis nos últimos 25 anos, pela poluição ambiental, esse número ainda é muito alto.

Por este motivo, é necessário que haja a disseminação de informações e campanhas voltadas para a Educação Ambiental com foco nos resíduos sólidos produzidos demasiadamente e os impactos causados ao meio ambiente, como uma forma de comoção e mudanças de comportamento, esta ação deve estar fortemente presente em escolas, pois os maiores multiplicadores de saberes são as crianças e jovens. 

Mas também, deve ser trabalhado com o restante da população. É preciso ampliar a cobrança da sociedade, seja através de taxas para coleta de resíduos ou multas, como já é o caso de alguns municípios. 

Obviamente que o poder público não pode ficar de fora, deve-se fomentar a parceria público privada (PPP), unindo estes atores e tentando diminuir os problemas já causados ao planeta, deixando um mundo melhor para os próximos que virão. Pense globalmente!

Pensado em algumas formas de reduzir a proliferação de vetores e contaminações, separamos algumas dicas para lhe ajudar:

  • Mantenha o lixo em sacos bem fechados;
  • Observe o estado de limpeza ao seu redor, pois a existência de materiais depositados pode tornar-se um local de abrigo e procriação de vetores;
  • Verifique regularmente as condições de armazenamento da sua água;
  • Não descarte tampas de garrafa de maneira irregular, pois pode acumular água e tornar-se foco do Aedes aegypti;
  • Os mosquitos ao entrar em contato, por exemplo, com um alimento que você irá comer podem transmitir diversas doenças e trazer problemas a sua saúde;
  • Lave sempre as mãos antes das refeições e depois que ir ao banheiro;
  • Lave sempre todos os alimentos com água;
  • Consuma água filtrada ou ferva a água utilizada para beber;
  • Observe e descarte o resíduo conforme suas características (úmido, seco/reciclável ou materiais cortantes);
  • Descarte seu resíduo apenas nos dias da coleta em recipiente adequado.

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Andrieli de Souza Alves

Andrieli de Souza Alves

Engenheira Agroindustrial - Ênfases em Indústrias Alimentícias e Agroquímica