De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, no ano de 2018, em seu Panorama dos Resíduos Sólidos revelou que o Brasil gerou nada mais, nada menos do que aproximadamente 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. E este número tem aumentado gradativamente nos últimos anos, na faixa de 1% ao ano.
A ABRELPE vem a quase 20 anos realizando estudos e publicações anuais sobre a gestão de resíduos do País. Quando comparamos o Brasil com os países desenvolvidos da América Latina, chega-se à conclusão de que o mesmo está entre um dos campeões na geração de RSU, representando um montante de aproximadamente 40% do total gerado.
Mas você, consegue imaginar o que é ter quase 80 milhões de toneladas de RSU ao ano?
Vamos tentar trazer estes números para uma realidade mais próxima de você e torná-los mais perceptível, pensaremos assim: um campo de futebol representa uma área significativa, certo? Imagine agora então, 553 estádios de futebol do tamanho do Maracanã cobertos por resíduos. Isto mesmo, é isto que os brasileiros tem gerado de resíduos ao longo de cada ano. Veja a seguir como você tem contribuído para estes números!
Como a era do consumismo brasileiro tem impactado na geração de RSU?
Vocês já se deram por conta quantas vezes chamamos de “lixo” uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles os resíduos sólidos e rejeitos gerados no dia-a-dia? Pois é, e de acordo com a ONU Meio Ambiente, cada brasileiro tem contribuído significativamente para o aumento progressivo de resíduos, uma vez que não preocupam-se em reduzir, reutilizar e reciclar os materiais utilizados.
Isso pode ser associado também a outros fatores, como por exemplo, o aumento do grau de industrialização, a alteração qualitativa da composição dos RSU (incorporação de novos produtos e a intensificação na produção de recicláveis), à falta de uma política específica para o setor como a educação ambiental e também no aumento de poder de compra dos consumidores.
O crescimento significativo da massa e volume de RSU gerado no Brasil tem grande relação com o crescimento demográfico, pois a taxa per capita do lixo no país tem aumentado, dependendo da região. Segundo o IBGE (O SANEAMENTO, 2002) as seguintes faixas são encontradas: cidades com até 200.000 habitantes de 0,45 a 0,7 kg/hab/dia; e cidades com mais de 200.000 habitantes de 0,8 a 1,2 kg/hab/dia.
Sabe-se que em países mais ricos, a porcentagem de recicláveis presentes nos RSU é maior do que em de países menos desenvolvidos. Nestes, a maior parte dos resíduos é de matéria orgânica, mas segundo o Ministério do Meio Ambiente (2010), o Brasil tem gerado cerca de 50% de matéria orgânica no total do lixo coletado.
Entretanto, através de alguns dados é revelado que nos últimos anos houve um aumento percentual significativo na geração de recicláveis, ou seja, o padrão de perfil do país em desenvolvimento vêm alterando-se gradativamente.
Problemas na Gestão de resíduos Sólidos e seus agravantes
Apesar dessa mudança de perfil em o que geramos de resíduos ter sido percebida, ela pode ser muito maior. Pois o Brasil ainda enfrenta um grave problema, com a disposição irregular, coleta informal e a insuficiência do sistema de coleta pública impedem que parte dos resíduos sólidos gerados sejam coletados e contabilizados. Os itens citados que agravam os problemas ligados à gestão de resíduos sólidos são causados pelas barreiras políticas e institucionais das Prefeituras. Mas você deve estar se perguntando, porque as mesmas não resolvem os problemas?
Infelizmente, grande parte das Prefeituras dispõe de pouquíssimos recursos técnicos e financeiros próprios para solucionar os problemas, pois dependem de um conjunto de atores, que as ignoram juntamente com as possibilidades de estabelecer parcerias com segmentos, que deveriam ser envolvidos na gestão e na busca de alternativas para a implementação de soluções.
Desconsideram a implementação de novas tecnologias como solução, devido a falta de uma política de viabilização no Brasil e o baixo nível informacional dos tomadores de decisão. Raramente utiliza-se das possibilidades e vantagens da cooperação com outros entes federados por meio do estabelecimento de consórcios públicos.
Outra dificuldade é a implantação da taxa do lixo, pois a população tem grande resistência em pagar por esse serviço e acabam tendo uma reação muito forte, o que acaba assustando os políticos.
Espera-se que com novos incentivos a realidade da gestão de resíduos mude. Pois alguns dados da ABRELPE, revelam que atualmente 8% de todo o resíduo gerado não é coletado, quando comparado ao ano de 2012 que possuía um índice de 20%. Observa-se que a coleta de resíduos tem aumentado e atendido mais regiões, mas ainda não é suficiente para englobar toda a população, pois estima-se que nos dias de hoje, 1 em cada 12 habitantes não possuam coleta domiciliar.
Isso sem falar na Coleta Seletiva que é essencial para o reaproveitamento de materiais e socioeconômico. O Brasil tem cada vez mais gerado recicláveis, mas a proporção de reciclagem não acompanha essa geração. No Brasil, em 2010, aproximadamente 18% dos municípios contavam com coleta seletiva e atualmente estima-se que seja algo em torno de 22%.
Nós brasileiros devemos estar a par de que mesmo com o aumento da coleta de resíduos domiciliares, o número de resíduos encaminhados a lixões, sendo disposto de maneira inadequada, só tem aumentado consecutivamente. Se não houver fomentos de enquadramento na Lei 12.305/2010 o país corre perigo.