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Resíduo orgânico: da lixeira para a composteira

Você sabia que no Brasil mais de 50% dos resíduos sólidos urbanos gerados são resíduos orgânicos? Este dado faz parte do levantamento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2017. 

Os resíduos orgânicos, por sua vez, são restos de alimento de origem animal e vegetal, resíduos de jardinagem, como a poda e a capina. Estes são produzidos em diversos locais, como residências, escolas, comércios, empresas, estabelecimentos, dentre outros.

De todo o resíduo orgânico produzido, pouquíssimo é reaproveitado, a grande maioria segue para aterro sanitário juntamente com rejeitos, ou ainda, vão parar em  disposição inadequada, tais como lixão ou aterro controlado. Mas, e se eu te disser que podemos evitar que grande parte desse resíduo seja encaminhado para um local inapropriado? 

A Política Nacional de Resíduos Sólidos define a compostagem como sendo uma forma de disposição final ambientalmente correta para os resíduos orgânicos. Sendo esta uma alternativa ecológica que permite o aproveitamento ao máximo do resíduo produzido, podendo ser utilizado em escala doméstica, municipal e até mesmo industrial.

Você conhece os tipos de compostagem?

Existem dois tipos, a vermicompostagem e a compostagem termofílica, ambas podem ser executadas em escala domiciliar. 

A vermicompostagem é o processo de compostagem com minhocas. Esse processo consiste em transformar os restos de alimentos e demais resíduos orgânicos em adubo com a ajuda das minhocas. No final do procedimento se tem um composto sólido (húmus) e o composto líquido (chorume), que quando diluído de maneira correta pode ser utilizado como fertilizante.

As principais minhocas utilizadas nesse processo são as Eisenia Andrei conhecidas como minhocas californianas (vermelhas), mas existem outras espécies que se adaptam bem ao resíduo orgânico, que são as Eudrillus Eugeniae (Africanas Gigantes) e Perionyx (Violeta do Himalaia).

Já a termofílica, consiste em um tipo de compostagem que ocorre na presença de oxigênio. Esta técnica necessita de alguns cuidados e controles para que ocorra a degradação do resíduo da melhor forma. Sendo assim, é possível ter um certo controle do nível de umidade, oxigênio e nutrientes, como carbono e nitrogênio, favorecendo ao máximo a degradação evitando que haja a presença de vetores.

Com este controle de ambiente, é possível que organismos como bactérias e fungos, atuem para acelerar a degradação do resíduo. Permitindo, desta forma, que ao final deste processo, tenha-se um composto de cor e textura homogênea com características de solo e húmus, que por fim, é chamado de composto orgânico.

As principais diferenças entre os métodos citados são:

  • Na compostagem termofílica os principais atores são os microrganismos como, bactérias e fungos, já na vermicompostagem as minhocas são os agentes principais. 
  • Na compostagem convencional obtém-se um composto orgânico como produto, em contrapartida na vermicompostagem, obtém-se o húmus como produto principal e também um “chorume” que diluído pode ser usado como fertilizante.
  • Na vermicompostagem não é possível utilizar certos resíduos, pois as minhocas são animais mais sensíveis. Já na compostagem convencional à base de bactérias, todo resíduo orgânico é aceito, até poeira, pelo de gato, caixa de pizza (não metalizadas), carnes, alimentos cítricos e cozidos.
  • A compostagem convencional é realizada em um ambiente parcialmente controlado, onde monitora-se o que entra, os parâmetros e se necessários são corrigidos. Na vermicompostagem, na maioria das vezes o controle é mais simplificado, tornando o ambiente desfavorável para que somente as bactérias degradam a matéria orgânica, por isso o incremento das minhocas.

Para isso, é preciso adotar um simples e novo hábito: separar os resíduos orgânicos e realizar compostagem. Apesar de ser uma técnica antiga, infelizmente não é explorada como deveria, pois, se todos implantassem ela no seu dia-a-dia os benefícios seriam enormes.

Confira a seguir algumas das diversas vantagens.

Vantagens da compostagem

  • Possui baixo custo operacional;
  • O produto final pode ser usado na agricultura;
  • Reduz a quantidade de resíduo encaminhado ao aterro sanitário;
  • Reduz o uso de agentes químicos no solo;
  • Reduz a emissão de gás metano;
  • Melhoria da aeração do solo e diminuição da erosão.
Andrieli de Souza Alves

Andrieli de Souza Alves

Engenheira Agroindustrial - Ênfases em Indústrias Alimentícias e Agroquímica